terça-feira, abril 03, 2007

Repercussão dos novos escândalos da Assembléia



Jardel confirma relatório
e se exime de vazamento

Presidente da Assembléia nega ter divulgado dados sobre gestão
de Samuel Almeida e diz ter “relação fraterna” com o antecessor

Heloísa Lima

O presidente da Assembléia Legislativa, Jardel Sebba (PSDB), disse ontem que acredita que houve motivação política no “vazamento” do relatório que compromete a administração do seu antecessor, Samuel Almeida (também tucano). O levantamento foi realizado em fevereiro, a pedido do diretor-geral da Casa, Kennedy Trindade, mas só veio a público ontem, quando o POPULAR publicou reportagem mostrando que a gestão de Samuel foi marcada por elevados gastos com alimentação, diárias de viagem, contratação de comissionados e aluguel de equipamentos de informática.

A reportagem revelou, entre outras coisas, que o relatório apontava que 12 servidores teriam recebido quase R$ 600 mil em diárias em dois anos, e a provável existência de 250 comissionados acima do permitido por lei no período em que Samuel presidiu a Casa. “Tenho certeza que esse documento foi vazado por alguém que tem interesse de prejudicar o presidente que me antecedeu. Com quem eu tenho uma relação muito fraterna e contra quem eu não tenho absolutamente nada”, disse ontem em entrevista à TV Anhanguera. No domingo, Jardel publicou artigo no POPULAR ressaltando o seu compromisso com a transparência à frente do Legislativo goiano.

O presidente, porém, confirmou a veracidade do relatório, destacando que ele não foi feito com o objetivo de perseguir o presidente anterior. “O relatório não foi feito com motivação de vindita, de caça às bruxas. Até porque nós já viramos a página da sucessão e estamos fazendo ações positivas. Queremos que a Assembléia tenha uma interação maior com a sociedade. Não queremos ficar remoendo as coisas negativas, que aconteceram na Assembléia.”

O presidente tucano se negou a comentar os números apresentados pelo relatório, que resultaram em uma investigação por parte do Tribunal de Contas do Estado (TCE). “Eu não tenho poder policial. Tudo que é feito na Assembléia passa pelo Tribunal de Contas do Estado. O que o presidente anterior fez, vindo ou não a público, um tribunal é que tem de julgar. Não cabe a mim julgar, nem condenar ninguém.”

Jardel também não quis comentar as supostas irregularidades no número de comissionados contratados na gestão anterior e disse que só poderia se pronunciar depois de um estudo minucioso. O presidente acrescentou que, um mês após assumir o comando do Legislativo goiano, convocou a imprensa e expôs todos os números da sua gestão, informando inclusive o número de comissionados ligados à mesa diretora, que seria de 400.

Segundo ele, não há qualquer irregularidade no número de comissionados fora dos gabinetes dos parlamentares. “Já fiz um esclarecimento público de que a mesa havia contratado 400 funcionários comissionados, fora os dos gabinetes. Com esse número estou dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal. Eu quero que todos saibam que eu não sou maluco, de fazer contratações acima do permitido, para ser julgado por isso. Estou fazendo tudo dentro rigorosamente do que a procuradoria me permite fazer.”

O tucano também comentou o contrato com a Online Informática, firmado na gestão anterior por mais de R$ 3 milhões anuais e que foi suspenso na sua gestão. Ele destacou que não foi encontrado qualquer indício de ilegalidade no contrato. “Não vejo ilegalidade, vejo um senso de negócio. Como eu sou libanês, corre nas minhas veias o quibe cru, e eu gosto de fazer o negócio muito pensado. Então estudei muito e acho que comprar os computadores e mantê-los fica muito mais barato do que locá-los. Isso é um estilo de cada um.”

Nos próximos dias, a Assembléia deve divulgar um edital de aquisição de 400 computadores e 50 notebooks por meio de leasing. O valor estimado das parcelas é de menos de R$ 30 mil. O contrato com a Online tinha custo de mensal de R$ 260 mil. A Assembléia deve também anunciar a aquisição de uma nova frota de 15 veículos novos, que deve reduzir os gastos com manutenção. O presidente acrescentou que não deve mudar o seu jeito de administrar a Casa por causa da divulgação do relatório, e disse que os 122 concursados da Casa devem ser nomeados, paulatinamente, durante o período de vigência do concurso que é de dois anos, prorrogáveis por mais dois – o concurso foi realizado em junho do ano passado.

Fonte: Jornal O Popular

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