sábado, março 24, 2007

Suspeita de violação do painel

Líder do PT na assembléia diz que vai cobrar apuração
de denúncia. Suspeita recai sobre o tucano Túlio Isac

Cecília Aires

O líder do PT na Assembléia Legislativa, Mauro Rubem, disse ontem vai cobrar providências da mesa diretora na próxima semana sobre a denúncia de violação no painel eletrônico da Casa que registra a presença e os votos dos 41 parlamentares. A suspeita foi levantada por servidores na madrugada de quarta-feira, na sessão de apreciação dos vetos do governo às emendas parlamentares, e recai sobre o deputado Túlio Isac (PSDB). O tucano nega a irregularidade.

Violação de painel no Senado já gerou a cassação do mandato de dois senadores – o então presidente Antonio Carlos Magalhães (PFL) e José Roberto Arruda (PSDB), atual governador do Distrito Federal. Instalado em 1999 na Assembléia, pelo então presidente Helenês Cândido (PMDB), o painel é tido como seguro e inviolável. O presidente Jardel Sebba (PSDB) diz que se for acionado vai agir, por considerar a violação “fato gravíssimo”.

Ausente

Logo após a meia-noite, com a disputa acirrada entre governistas e oposicionistas, os servidores do Legislativo, que faziam lobby para derrubar veto que os impedia de receber dívida trabalhista antiga, notaram que o nome de Túlio Isac aparecia no painel, embora o parlamentar não estivesse no plenário. Os sindicalistas deram o alerta, Mauro Rubem pediu a palavra e denunciou o fato a Jardel Sebba. O presidente pediu então para suspender a senha de Túlio Isac.

Na sessão seguinte, naquela quarta-feira, Misael Oliveira (PDT) pediu providências para apurar o caso. Depois de assistir à fita gravada da sessão, teria constatado que Túlio Isac não votou. Os nomes dos deputados aparecem no painel em duas cores: vermelho, para os ausentes, e verde, para os presentes. Em votação secreta, como a apreciação de vetos, aparece a letra V ao lado de cada nome verde, o que significa que o parlamentar votou. “Ele não votou”, afirma Misael. A opinão é partilhada por Mauro Rubem. Os vetos foram mantidos por 18 a 17 votos.

A maioria dos parlamentares afirma não ter visto Túlio Isac na sessão, mas prefere não comentar o episódio. A suspeita é que o tucano teria fornecido sua senha para outro marcar sua presença. Isac disse que esteve na sessão e que saiu antes da votação para “não contrariar os servidores”, isto é, não aprovar os vetos. Ao presidente, a quem recorreu para ter acesso novamente à sua senha, Túlio Isac afirmou que esteve na sessão e saiu logo, por estar adoentado.

O líder do PMDB, José Nelto, diz que suspeita dessa natureza nunca foi levantada na Casa. “Eu não tenho conhecimento, mas se surgir prova da violação é preciso fazer investigação.” Mauro Rubem lembra que “violação é crime”.

Fonte: O Popular

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